Andei lendo minhas postagens
anteriores e percebi que cometi um grande equívoco: comecei a falar de
morfologia sem antes dizer quem ela é. Então vamos lá:
Se buscarmos no dicionário o
conceito de morfologia, vamos encontrar: o estudo da estrutura e formação de
palavras. Em resumo eu diria que ela é o estudo que tem como peculiaridade
estudar as palavras de forma isolada e não numa frase ou num contexto.
Segmentar e analisar palavras. É isso que ela faz.
Raiz
e Radical
Agora
que foi resolvido o problema, vamos “morfologicamente falar”. Inicialmente
ponho uma questão: até semana passada eu pensava que radical e raiz eram a
mesma coisa, afinal, foi isso que me ensinaram na escola, ou melhor, nunca me
fizeram uma distinção entre elas. Mas será que realmente é a mesma coisa? Não.
Fiquei desapontado, mas feliz por ter aprendido a tal distinção. Para
explicá-la, darei o conceito de cada uma delas:
-Raiz: é o
elemento originário e irredutível, a base primaria da palavra, o que há de
comum entre as palavras da mesma família, ou seja, o que atribui o significado
a elas por motivos históricos. Ex.: CAND-dato,
in-CAND-escência.
-Radical: é a base secundária onde se pode acrescentar novos
morfemas à língua. Um exemplo deixará mais claro: CANDID-a-mente, CÂNDID-o.
Logo:
Raiz = CAND
Radical = raiz +
morfema: CANDID-ato.
Vogal
temática
Chamamos de vogal temática o
morfema que, por sua vez, liga-se ao radical constituindo-se o que chamamos de
tema, que é onde se acrescentam as desinências. A vogal temática marca nomes ou
verbos. Ex.: escola, mesa, base, triste: são vogais
temáticas nominais. Falavam, falávamos, mexeria, agíamos: são
vogais temáticas verbais.
Vogal
e consoante de ligação
São morfemas que servem para facilitar ou possibilitar a leitura
de algumas palavras. Ex.: chaleira,
espontaneidade, cafeteira.
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Na tirinha acima Mafalda
encontra-se lendo um livro infantil no qual há “um ogro que come criancinhas”.
Ao ler essa frase Mafalda indigna-se: “Até quando vamos ser os frangos da
literatura?”.
Nessa
tirinha há uma grande crítica às histórias infantis tradicionais que, em sua
grande maioria, traz fatos semelhantes aos citados no texto. Será que não
seriam essas mesmas histórias um dos maiores criadores de traumas nas crianças?
Vale
destacar também o fato de as crianças preferirem qualquer outra coisa
(eletrônica) a esses contos. Com o desencadear da era digital, elas estão cada
vez mais precoces, deixando de fazer coisas que uma criança antigamente costumava
fazer como ler uma historinha ou brincar com brinquedos. Nota-se isso pela
forma a qual Mafalda utilizou para expressar sua desaprovação: “Até quando
vamos ser os frangos da literatura” e posteriormente jogando o livro no chão.
Para
fixar o conteúdo, destacaremos algumas palavras da tirinha que valem a pena
serem analisadas:
*Ver - raiz; forma livre mínima
indivisível;
Outras derivações: veria;
rever.
*Novo – Nov-: raiz; -o: vogal
temática nominal;
Outras derivações: nova;
novíssima.
*Histórias: hist-: raiz; -o-:
vogal temática; -ria-: sufixo; -s: sufixo de número;
Outras derivações: historiador;
historicamente.
*Livro: Livr-: raiz; -o:
vogal temática;
Outras derivações: livraria;
livreiro.
*Droga: drog-: raiz; -a:
vogal temática;
Outras derivações: drogaria;
drogado.
*Gente: Gent-: raiz; -e: vogal temática;
Outras derivações: gentileza;
gentalha.
*Vamos: V-raiz; -amos: sufixo 1ª
pessoa do plural.
Outras derivações: vai;
vou.
*Frangos: Frang-: raiz; -o-:
vogal temática; -s: sufixo de
número.
Outras derivações: frangalho;
frangote.
*Literatura: Liter: raiz; -a-:
vogal temática; -tura: sufixo.
Outras derivações: literal;
literário.
Isso é o que temos pra hoje. Espero ter esclarecido o
assunto. Até a próxima!!
Excelente reflexão sobre a tirinha, Alisson. Porém, procure utilizar mais os teóricos da disciplina. Quanto à identificação de morfemas, legal a tua iniciativa de exercitar esta prática. Mas alguns pontos precisam ser revisados:
ResponderExcluir1.Você não comparou, em todos os momentos, palavras de um mesmo campo semântico. Fique atento a isso (incandescência é diferente de candidato, que também é diferente de cândido);
2. O exemplo de radical em cândido/candidamente é, na realidade, raiz;
3. A vogal temática liga-se à raiz. Desinências, em nosso curso, chamamos de afixos;
4. Em “história”, sincronicamente, podemos considerar {histor-} como raiz. Na próxima reunião entre Profa. Roberta e Prof. Dioney, eles discutirão esta palavra. Aí passaremos a informação exata para você;
5. Gentileza é do mesmo campo semântico de gentil;
6. Em “vamos”, o “a” na faz parte do sufixo número-pessoal {-mos};
7. Frangalho não é do mesmo campo semântico de frango;
8. Literatura: raiz {litera-}; sufixo {-tura} que, por sua vez, é alomorfe de {-ura}.