sexta-feira, 31 de maio de 2013

Esclarecendo...


Andei lendo minhas postagens anteriores e percebi que cometi um grande equívoco: comecei a falar de morfologia sem antes dizer quem ela é. Então vamos lá:
Se buscarmos no dicionário o conceito de morfologia, vamos encontrar: o estudo da estrutura e formação de palavras. Em resumo eu diria que ela é o estudo que tem como peculiaridade estudar as palavras de forma isolada e não numa frase ou num contexto. Segmentar e analisar palavras. É isso que ela faz.

                                                               Raiz e Radical

                Agora que foi resolvido o problema, vamos “morfologicamente falar”. Inicialmente ponho uma questão: até semana passada eu pensava que radical e raiz eram a mesma coisa, afinal, foi isso que me ensinaram na escola, ou melhor, nunca me fizeram uma distinção entre elas. Mas será que realmente é a mesma coisa? Não. Fiquei desapontado, mas feliz por ter aprendido a tal distinção. Para explicá-la, darei o conceito de cada uma delas:

-Raiz: é o elemento originário e irredutível, a base primaria da palavra, o que há de comum entre as palavras da mesma família, ou seja, o que atribui o significado a elas por motivos históricos. Ex.: CAND-dato, in-CAND-escência.

-Radical: é a base secundária onde se pode acrescentar novos morfemas à língua. Um exemplo deixará mais claro: CANDID-a-mente, CÂNDID-o.

                Logo:

Raiz = CAND
Radical = raiz + morfema: CANDID-ato.


                                                               Vogal temática


Chamamos de vogal temática o morfema que, por sua vez, liga-se ao radical constituindo-se o que chamamos de tema, que é onde se acrescentam as desinências. A vogal temática marca nomes ou verbos. Ex.: escola, mesa, base, triste: são vogais temáticas nominais. Falavam, falávamos, mexeria, agíamos: são vogais temáticas verbais.


                                                               Vogal e consoante de ligação


São morfemas que servem para facilitar ou possibilitar a leitura de algumas palavras. Ex.: chaleira, espontaneidade, cafeteira.


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                Observe a tirinha:




Na tirinha acima Mafalda encontra-se lendo um livro infantil no qual há “um ogro que come criancinhas”. Ao ler essa frase Mafalda indigna-se: “Até quando vamos ser os frangos da literatura?”.
                Nessa tirinha há uma grande crítica às histórias infantis tradicionais que, em sua grande maioria, traz fatos semelhantes aos citados no texto. Será que não seriam essas mesmas histórias um dos maiores criadores de traumas nas crianças?
                Vale destacar também o fato de as crianças preferirem qualquer outra coisa (eletrônica) a esses contos. Com o desencadear da era digital, elas estão cada vez mais precoces, deixando de fazer coisas que uma criança antigamente costumava fazer como ler uma historinha ou brincar com brinquedos. Nota-se isso pela forma a qual Mafalda utilizou para expressar sua desaprovação: “Até quando vamos ser os frangos da literatura” e posteriormente jogando o livro no chão.

                Para fixar o conteúdo, destacaremos algumas palavras da tirinha que valem a pena serem analisadas:

  *Ver - raiz; forma livre mínima indivisível;
Outras derivações: veria; rever.
  *NovoNov-: raiz; -o: vogal temática nominal;
Outras derivações: nova; novíssima.
  *Histórias: hist-: raiz; -o-: vogal temática; -ria-: sufixo; -s: sufixo de número;
Outras derivações: historiador; historicamente.
  *Livro: Livr-: raiz; -o: vogal temática;
Outras derivações: livraria; livreiro.
  *Droga: drog-: raiz; -a: vogal temática;
Outras derivações: drogaria; drogado.
  *Gente: Gent-: raiz; -e: vogal temática;
Outras derivações: gentileza; gentalha.
  *Vamos: V-raiz; -amos: sufixo 1ª pessoa do plural.
Outras derivações: vai; vou.
  *Frangos: Frang-: raiz; -o-: vogal temática; -s: sufixo de número.
Outras derivações: frangalho; frangote.
  *Literatura: Liter: raiz; -a-: vogal temática; -tura: sufixo.
Outras derivações: literal; literário.


                Isso é o que temos pra hoje. Espero ter esclarecido o assunto. Até a próxima!!

Um comentário:

  1. Excelente reflexão sobre a tirinha, Alisson. Porém, procure utilizar mais os teóricos da disciplina. Quanto à identificação de morfemas, legal a tua iniciativa de exercitar esta prática. Mas alguns pontos precisam ser revisados:
    1.Você não comparou, em todos os momentos, palavras de um mesmo campo semântico. Fique atento a isso (incandescência é diferente de candidato, que também é diferente de cândido);
    2. O exemplo de radical em cândido/candidamente é, na realidade, raiz;
    3. A vogal temática liga-se à raiz. Desinências, em nosso curso, chamamos de afixos;
    4. Em “história”, sincronicamente, podemos considerar {histor-} como raiz. Na próxima reunião entre Profa. Roberta e Prof. Dioney, eles discutirão esta palavra. Aí passaremos a informação exata para você;
    5. Gentileza é do mesmo campo semântico de gentil;
    6. Em “vamos”, o “a” na faz parte do sufixo número-pessoal {-mos};
    7. Frangalho não é do mesmo campo semântico de frango;
    8. Literatura: raiz {litera-}; sufixo {-tura} que, por sua vez, é alomorfe de {-ura}.

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